É muito comum as pessoas adquirirem algum tipo de suplemento nutricional imediatamente após o início da pratica de atividades físicas, muitas vezes sem orientação de um profissional da nutrição. Muitas dessas pessoas recebem a "dica" de um aluno mais antigo da academia e pensam erroneamente que aquele suplemento será o combustível indispensável para seu progresso nos treinamentos, qualquer que seja seu objetivo.
Algumas perguntas que deveriam surgir no momento de decidir pelo uso de suplementos são: Será que os suplementos nutricionais são realmente indispensáveis na prática de atividades físicas? A orientação de um nutricionista não seria mais importante para adequar a dieta, que normalmente não é a ideal, às novas demandas que a atividade física impõe? A programação do treinamento e períodos suficientes de recuperação não seriam também fatores mais importantes que a "simples" suplementação nutricional?
Ninguém melhor do que um nutricionista, principalmente àqueles dedicados à nutrição esportiva, para orientar e elaborar uma dieta específica para pessoas que praticam atividade física. Devem ser considerados fatores importantes como: necessidades específicas decorrentes de doenças prévias (caso existam), novas demandas impostas pela atividade física e o objetivo da prática de atividades físicas (ganho ou perda de peso, por exemplo).
Os princípios básicos de uma dieta adequada para pessoas sedentárias não são alterados, sofrendo apenas alguns ajustes afim de atender as necessidades decorrentes principalmente do maior dispêndio de energia. Dependendo do tempo e da intensidade da atividade física praticada, o gasto energético pode chegar a 1000 calorias adicionais ao gasto calórico diário. Há necessidade de adicionar essas calorias à alimentação, mantendo a proporção entre os nutrientes considerados energéticos (carboidratos, gorduras e proteínas), ou seja, tanto numa dieta para sedentários como para fisicamente ativos cerca de 60% da calorias consumidas diariamente devem ter origem nos carboidratos, 25% nas gorduras e 15% nas proteínas. Tanto faz o consumo calórico diário ser aumentado em 500 ou até 2000 calorias, pois a proporção de fornecimento de energia pelos nutrientes deve continuar a mesma. Em alguns casos específicos, quando se busca uma supercompensação (aumento dos estoques) de glicogênio muscular, por exemplo, pode-se aumentar a proporção dos carboidratos para até 80% ou mais, diminuindo em paralelo a proporção das gorduras, mas por períodos determinados.
Aumentando o metabolismo energético e o gasto calórico, há também aumento da demanda de vitaminas que participam como cofatores enzimáticos na mais variadas reações metabólicas de degradação e síntese de glicogênio/glicose, proteínas/aminoácidos e gorduras/ácidos graxos. Apesar disso, não é necessária uma grande preocupação com o consumo de quantidades adicionais de vitaminas pois, considerando que o consumo energético é aumentado e a dieta contempla uma grande variedade de alimentos (tais como cereais, carnes, leite, ovos e toda espécie de vegetais), muito provavelmente o consumo de vitaminas será equivalente ao novo patamar de dispêndio.
Algumas necessidades específicas de nutrientes relacionadas com a atividade física também podem ser alcançadas com uma alimentação que privilegie alimentos ricos em proteínas de elevado valor biológico, em ferro (evitando a anemia, muito comum em atletas), em vitaminas antioxidantes (C e E, já que a produção de espécies reativas de oxigênio é aumentada) e sais minerais (perdidos durante a transpiração).
Não há dúvida alguma acerca da importância da nutrição para a atividade física, entretanto, pode-se dizer que os progressos e o bom desempenho durante o treinamento apoiam-se em um tripé, compreendendo além da nutrição adequada, um bom programa de treinamento e tempo suficiente e adequado de recuperação. Fatores psicológicos como motivação também tem um importante papel.
Cássia dos Reis Medeiros – Nutricionista
www.clinicanutrivida.blogspot.com.br
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